Sobre abrir mão dos nossos sonhos
Recentemente eu encontrei esse blog que eu criei quando tinha 19 anos. Eu estava no segundo ano da faculdade de Engenharia Civil. Eu detestava, tinha certeza que minha vida era em Arquitetura e Urbanismo, que eu estava perdendo meu tempo ali, mas que assim que eu terminasse, eu ia começar a graduação dos meus sonhos.
Eis que, alguns anos depois, eu percebi que não queria mais cursar Arquitetura. Não pelo curso em si, que eu acho que eu teria amado se tivesse feito, mas pelo esgotamento mental de cursar outra faculdade.
Com 19 anos eu me arrependia diariamente de ter escutado meus pais e ter aceitado cursar Engenharia. Se eu pudesse voltar no tempo eu ainda teria escolhido estudar mais um ano e tentar Arquitetura. Mas realmente não tinha como. Eu me lembro.
Hoje eu vejo o tanto de coisas que eu aprendi. Com certeza os amigos que eu acabei fazendo, valeram a pena a caminhada. O orgulho de ter passado em matérias que eu julgava impossíveis, mesmo tendo ficado madrugadas acordada. A gratidão de ter a ajuda de amigos maravilhosos quando eu não entendia absolutamente nada da matéria. Amigos que me ensinaram muito mais do que engenharia civil.
Por outro lado, eu fico pensando nesse blog que eu criei sem pretensão de dar certo, mesmo querendo que desse. Eu fiquei imaginando o que teria acontecido se eu não tivesse desistido. Onde eu estaria hoje se tivesse engolido a vergonha e criado meu canal no youtube. Fico pensando que teria valido a pena continuar, porque até hoje não esqueci da ideia. Ficou guardado todo esse tempo e parece que hoje em dia tenho menos coragem que antes.
Eu costumava dizer: "quando passarem as provas", "quando eu tiver tempo", "nas férias eu faço", "só no ano que vem", "depois que eu tiver isso", "quando eu estiver no quinto ano"... Bem, hoje eu estou (finalmente, graças a deusa) no quinto ano.
Talvez se eu não tivesse adiado até esse momento, hoje eu já tivesse alguns mil inscritos, ou quem sabe, muitos mil inscritos. Talvez eu não tivesse conhecido algumas pessoas, não teria vivido certas experiências, não teria passado pelo MAIOR heartbreak do século (só por isso já teria valido a pena). Mas acho que eu estaria mais realizada, principalmente por ter tentado e por ter visto se era aquilo que eu queria ou não.
Uma coisa que eu aprendi nesses anos, e com certeza não aprendi na faculdade, mas talvez por causa dela, a gente nunca vai estar completamente realizado se não fizer aquilo que a gente sente que nasceu pra fazer. Eu sempre senti que queria me comunicar com as pessoas, ensinar o que aprendi, inspirar com o que vi ou fiz. Contar o que deu certo comigo, minhas experiências, ajudar no que eu sabia.
O que eu sei hoje é que nunca vai valer a pena não fazer o que você gostaria de estar fazendo. Até porque você pode falar "semana que vem", "mês que vem", "quando eu tiver tempo", mas não importa o que você faça, se você não ouvir aquilo que te faz feliz, de nada vai adiantar o tempo que você adiou.
Eu adiei muito tempo e estou aterrorizada com a ideia de começar do zero agora. É muito assustador. Não é nada que eu aprendi na faculdade. Estudar várias madrugadas, colocar as coisas na calculadora, decorar conceitos, não vai me adiantar de nada.
O que eu desejo pra mim, pra você que também adiou muito tempo algo que adoraria fazer e passou todo esse tempo se enganando achando que ia esquecer, é CORAGEM. Coragem de começar, de se arriscar e de não olhar pra trás, não importa quão assustadora seja a realidade.
No fim, o que minha graduação não ensinou mas eu queria ter ouvido no primeiro dia de aula: nada importa mais do que os nossos sonhos e o que faz a gente verdadeiramente feliz.
